O ERRO COMO POSSIBILIDADE DE ACERTO
É impressionante como o “não” e o erro têm peso em nossas vidas.
Na grande maioria dos casos de fracasso, o erro está acompanhado de medo, tendo denotação tão negativa intrínseca e extrinsecamente que faz o indivíduo paralisar diante das dificuldades, ainda que pequenas.
O que dizer, então, do erro em sala de aula?
São muitos fatores que englobam situações de erro.
Conforme os meses vão se passando, os alunos vão acumulando informações, erros e acertos, notas boas e menos boas, além das horríveis.
Fatores psicológicos e físicos envolvem os alunos durante o ano letivo. Muitos, não sabem lidar com mudanças do próprio corpo, pensamentos, desejos e sentimentos. Muitos almejam um boletim excelente para agradar a família e ficar bem entre os colegas e professores. Outros nem entendem porque têm que tirar notas muito boas, como são cobrados pelos pais, muitas vezes. Alguns questionam a média imposta pela escola.
O fato é que o erro está presente em nossas vidas.
E por que ainda não aprendemos a lidar com isso?
E é sobre esse erro que vamos falar agora. Você se lembra de algum grande erro cometido ao longo desses anos, da sua vida?
Será que não houve algum ponto positivo, alguma aprendizagem a partir desse erro?
Fazendo uma analogia de nossos erros com a escola, na sala de aula, ficará mais fácil entender como o erro é importante para a aprendizagem ser concluída.
Especialistas dizem que a aprendizagem tem suas fases, mas por que não acrescentarmos a elas, o ERRO?
A Psicopedagia ensina aos alunos, pais e mestres a importância do não saber e a permissão de errar, pois é justamente a partir do erro que se pode ter a noção clara do que se sabe e do que não se sabe e precisa saber, a fim de alcançar o sucesso escolar e até o profissional.
Recordo nesse momento de um caso interessante, onde um jovem de dezesseis anos, tendo passado por várias escolas e algumas repetências, chegou a aprendizagem através de um erro, durante a sessão psicopedagógica.
No atendimento foi apresentado a ele duas formas geométricas em diferentes cores e tamanhos. Foi pedido a ele para separar em grupos e informar qual estratégia foi usada para se chegar a essa divisão.
Diante dessa situação, com sorrisinho tímido, o jovem fala: “vou fazer o que vier a minha cabeça!” e foi separando aleatoriamente até fazer dois sanduiches - palavras ditas por ele.
Percebe-se que ao invés de separar as peças em grupos, como lhe fora solicitado, ele misturou as peças sem critério algum.
Os minutos foram se passando e a psicopedagoga fora mostrando a ele que é permitido errar sim; foi conduzindo o jovem a entender que diante dele haviam peças diferentes e, juntos, como parceiros, foram construindo novas maneiras de separar as peças em cores, tamanhos e formas.
Já no final da sessão, foi sugerido a ele que, sozinho, fizesse aquilo que teria sido pedido no início: separar as peças em grupos e dizer os critérios usados para isso.
Ainda pouco inseguro, mas com vontade e motivado a acertar, a partir da permissão do erro e da parceria apresentada, o jovem tentou mais uma vez.
Percebeu onde estava sua dificuldade e questionou, buscando esclarecimento para dar continuidade ao processo de aprendizagem, até que dúvida solucionada, problema resolvido – ele conseguiu!
O prazer em conquistar, em acertar, vem claramente a partir de um erro.
Nem sempre fazemos escolhas certas e coerentes; nós erramos também e isso é normal e positivo.
Mas, por que valorizamos tanto um erro?
Por que nos importamos tanto com notas baixas?
Por que o erro vale tanto ou mais que o acerto?
Por que assistimos crianças e jovens tristes e tímidos diante do erro?
Por que alguns professores sentem prazer em pegar uma caneta de tinta vermelha para riscar uma prova e dar nota baixa?
O que será dessas crianças, no futuro, porque “não podem errar” hoje?
São questões que intrigam muitos psicopedagogos, pois quando alunos, pais e mestres entenderem que é permitido errar e que se aprende muito com o erro, tudo se tornará mais fácil e mais feliz, principalmente na vida escolar familiar. Pois se cria, imediatamente, novas saídas do problema, construindo aprendizagem a partir do erro.
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