"Quanto
mais se usa o cérebro, melhor e mais saudável ele se torna."
Suzana Herculano
Segundo Dr.
Luiz Antonio Costa Tarcitano, a Plasticidade Cerebral consiste na capacidade
adaptativa do Sistema Nervoso Central (SNC) em sua habilidade de modificar a
organização estrutural própria e seu funcionamento, desde as respostas às
lesões traumáticas destrutivas, e até as sutis alterações resultantes dos
processos de aprendizagem e memória.
Até quinze
anos atrás o dogma central da Neurociência era que os neurônios perdidos jamais
seriam recuperados, sendo o cérebro imutável. Esse dogma caiu nos últimos
quinze anos, quando experiências conduzidas em pássaros mostraram que, ao
aprender uma nova canção, surgem novos neurônios nos centros cerebrais que
coordenam o canto e quando foi documentado o nascimento de novos neurônios em
duas áreas cerebrais do homem e de outros mamíferos: o bulbo olfatório
(responsável pela organização do olfato) e o hipocampo (área de processamento
das memórias).
A compreensão
evolucionista da mente humana se apóia em dois pilares: plasticidade e
especificidade dos sistemas neurais. A plasticidade é fundamental para a
adaptação a diferentes ambientes. A adaptação favorece a repetição de ações que
tornam os sistemas neurais específicos.
A compreensão do
funcionamento da mente humana fundamenta-se na razão e na emoção. Ambas devem
ser entendidas como complementares, desempenhando funções distintas em variados
momentos do desenvolvimento filogenético e ontogenético.
Já RELVAS, em seu livro Fundamentos Biológicos da Educação, o grande desafio do
educador é conhecer o cérebro dos aprendizes, e tão logo o funcionamento, pois
cada um tem as suas próprias características conforme observamos:
“Como
o sistema nervoso de uma criança em desenvolvimento é mais plástico que o
sistema nervoso do adulto, a atuação correta e eficaz na estimulação da plasticidade
é de fundamental importância para a máxima da função motora/sensitiva do
aprendente, visando facilitar o processo de aprender a aprender no cotidiano
escolar.” (RELVAS, 2009, p.50)
As pesquisas
mostraram que os neurônios crescem; a partir do cone de crescimento, que possui
uma estrutura especializada para se movimentar (citoesqueleto) e sensores
químicos capazes de reconhecer “pistas” no microambiente onde o neurônio cresce
(papel do filopódios lamelipódios). As pistas químicas são: moléculas de adesão da matriz extracelular, moléculas
de adesão nas membranas de outros neurônios e moléculas de repulsão.
É a "plasticidade cerebral", que
define as mudanças que ocorrem na estrutura ou da função no cérebro frente a um
estímulo, seja ela de origem interna ou externa. Assim, a malhação cerebral
está no fornecimento de estímulos contínuos, como diz Li Li Min, professor
associado de Neurologia da Unicamp e doutor em Neurociências pela Mcgill
University, Canadá.
Logo após o nascimento,
diversos processos são desencadeados no desenvolvimento das atividades
cerebrais, por isso os primeiros anos de vida da criança são fundamentais para
seu desenvolvimento. É muito importante o contato físico, a voz da mãe, as
diferentes entonações vocais, luzes e cores, qualquer estimulação que atinja o
maior número dos sentidos do corpo faz-se a realização de conexões sinápticas e
criam-se condições favoráveis para o surgimento de determinadas habilidades e
competências, tais como a musicalidade, raciocínio lógico-matemático,
inteligência espacial e outras.